A COORDENAÇÃO
Profa Dra. Maria Aparecida Andrade Salgueiro
Pós-doutora (Universidade de Londres – 2008)
International Visiting Scholar – Dartmouth College 2010-2012.
Professora e orientadora do Programa de Pós-Graduação
em Letras da UERJ
Procientista
Cientista do Nosso Estado - Faperj
LINKS
- Lattes Profa. Dra. Maria Aparecida F. de A. Salgueiro
- FAPERJ
- UERJ
- Escritório Modelo de Tradução Ana Cristina César
- Darthmouth
O PROJETO
EM BUSCA DE ELOS PERDIDOS:
AUTORES E AUTORAS AFRO-DESCENDENTES DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Introdução
O Projeto em tela dá seqüência à trajetória da docente, Professora Doutora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, no âmbito de sua pesquisa iniciada nos anos 90 e hoje consubstanciada em obras, capítulos de livros e artigos publicados contínua e regularmente, além de trabalhos completos em anais de eventos, atuação permanente no Programa de Pós-Graduação stricto sensu em Letras da UERJ, formação de quadros em orientações concluídas (mestres e doutores), supervisão de Pós-Doutoranda com Bolsa CAPES/FAPERJ, com pesquisa diretamente ligada ao presente trabalho, atenção a pesquisadores do futuro, através de trabalho constante com Bolsistas de Iniciação Científica desde 1995, inclusive com obtenção de prêmios, Bolsa de Produtividade em Pesquisa do CNPq de 2003 a 2010, liderança de GRPesq, obtenção de fomentos variados, entre eles bolsa PDE do CNPq, para realização de Pós-Doutorado no exterior (Londres, Inglaterra; dezembro de 2007 a maio de 2008), liderança na UERJ, desde 1999, de Laboratório de Pesquisa e de Produção para a sociedade fluminense (Escritório Modelo de Tradução Ana Cristina César, por duas vezes contemplado com o fomento da FAPERJ Apoio às Entidades Estaduais e uma vez pelo Edital EXTPESQ – Extensão e Pesquisa), viagens nacionais e internacionais para participação e apresentação de trabalhos em eventos científicos de abrangência nacional e internacional, Palestras e Bancas a convite, inclusive no exterior, e assinatura de Convênios ativos, associação com redes cooperativas de pesquisa e articulação com outros grupos consolidados – sempre dando seqüência à constante preocupação da pesquisadora com a formação de recursos humanos e com o potencial multiplicador de seu trabalho.
O presente Projeto é particularmente marcado pela experiência vivida, a partir de possibilidades geradas pela Bolsa ‘Cientista do Nosso Estado’ 2008, de estabelecimento de rede com pesquisadores do Dartmouth College, uma das Ivy Leagues nos Estados Unidos, em especial com o Professor Antonio Dwayne Tillis, Chair do ‘African and African-American Studies Program’ daquela Universidade, com quem temos produzido em múltiplas frentes, trazendo-o inclusive à UERJ (sempre com o apoio da Bolsa CNE) algumas vezes para contato com o Grupo de Pesquisa, composto por orientandos, ex-orientandos e alunos de vários níveis. A possibilidade de contato com pesquisadores de ponta nos Estados Unidos, na área em que atuo de resgate de Literatura, tema em que são especialistas, a convivência dentro de uma Universidade de ponta, as Palestras lá proferidas e o curso ministrado a partir de resultados da pesquisa CNE2008, a vida em suas Bibliotecas, o contato em Harvard com o Professor Doutor Henry Louis Gates, Jr, - uma referência unânime quando se fala de resgate de textos literários e (re)construção de cânones – os novos desafios daí gerados, tudo isso foi extremamente positivo para o avanço deste trabalho de resgate de produção literária de autores e autoras negros de nosso estado do Rio de Janeiro, os quais, por questões múltiplas de relações de poder e hegemonia acabaram, como tantos outros e outras, perdido/as ou ‘esquecido/as’ apesar de produção literária consistente e valorosa.
Cabe lembrar que a abertura de frentes internacionais consolidou-se na Inglaterra, em 2008, na UCL – University of London, durante o estágio Pós-doutoral com Bolsa do CNPq, através de contatos de pesquisa estabelecidos desde 2005, quando lá estivemos pela primeira vez, e sempre recuperados e reforçados, no SOAS – School of Oriental and African Studies, considerado o maior centro de estudos de África fora de África, com particular referência às questões da diáspora africana. Seria importante frisar que, ciente da relevância da formação de redes de pesquisa, pus os pesquisadores de Dartmouth e da UCL – University of London em contato quando lá estivemos para pesquisa no ‘Museum of Slavery’, em Liverpool. No momento, pensamos a organização de um grande evento, ao longo de três anos, em cada um dos três países envolvidos (Brasil, Estados Unidos e Inglaterra), com produtos claros e dedicados à questão do resgate de textos afro descendentes ‘esquecidos’.
Nesse sentido, marca-nos sempre a obra do já citado Henry Louis Gates, Jr., renomado crítico afro-americano, e seus estudos de arqueologia literária, ligados a estudos pós-coloniais de Literatura, que ao cruzar gênero e etnia, têm revelado descobertas absolutamente impensáveis até anos atrás entre os autores literários, e que passam então a embasar os currículos. Em 1981, ao encontrar em uma livraria de Nova Iorque um volume de Our nig: sketches from the life of a free black, de Harriet E. Adams Wilson, Gates provou que o que se supunha ao longo do tempo ser o pseudônimo de um homem era na verdade de uma mulher negra e que o livro era o primeiro romance, escrito em 1859, de autoria de um indivíduo negro nos Estados Unidos de que se tem notícia. A partir daí, o trabalho em grupos organizados por Gates só aumentou visibilidade. No início dos anos 90, Gates publicou uma abrangente coleção de escritos afro-americanos, produzidos no período 1829-1940, que totalizavam algo em torno de 12000 contos, 18000 poemas e 42000 resenhas e artigos. Do estudo destes documentos, Gates concluiu que a cultura afro-americana tem suas raízes primárias na própria América, e não na África. Desnecessário dizer que hoje, Harriet E. Adams Wilson passou a pertencer aos currículos de Estudos sobre a Afro-América. Se tivermos nosso pleito atendido, é nossa intenção reforçar o contato com Dr.Gates e trazê-lo ao Brasil para avanços científicos em nossa área, colocando nosso estado em posição de ponta nesse nicho de pesquisa em Literatura nos dias de hoje.
Aos poucos vamos aumentando as ‘descobertas’ que pretendemos. Bem lentamente, mas sempre. Contatos efetuados ao longo da Bolsa CNE 2008 no Vale do Café e na região de Campos, em nosso estado do Rio de Janeiro, mostraram que as dificuldades de pesquisa são inúmeras, mas, com certeza, não intransponíveis. Não temos as facilidades de pesquisa de outros locais, mas já avançamos muito e o Programa Cientista de Nosso Estado é uma prova viva disso. Nossa trajetória de pesquisa e o contato – além do relato daí advindo - com professores, pós-graduandos e militantes do movimento negro da capital e do interior de nosso estado, apontam para a potencialidade de tal escopo de pesquisa, no estado natal de Machado de Assis. Estudos de crítica literária recentes já dão conta de uma literatura afro-brasileira com visibilidade externa e obras traduzidas, apesar de inúmeras dificuldades internas em nosso país, inclusive de reconhecimento. Além dos escritores aqui nascidos, chegamos a vários que adotaram nosso estado como seu estado de filiação. Enfim, um mapeamento de que não tínhamos idéia há três anos atrás e sobre o qual queremos agora nos debruçar e avançar em suas conclusões e resultados.
O presente Projeto, desde sua concepção inicial, leva em conta as características de constituição atual, no que diz respeito a seus cursos de Graduação, do espaço institucional em que está previsto para ocorrer: a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a primeira universidade a adotar o sistema de cotas para afro-descendentes no Brasil, nos idos de 2003. Em um momento de avaliações de resultados internos e de questionamentos sobre os possíveis desdobramentos de tal política, tal projeto contribui com aspectos de avanço social, cultural e de cultivo de auto-estima, no que diz respeito a necessidades de busca identitária de nossos jovens, mas também de novos patamares e de uma nova agenda propositiva nesse campo que dê conta de aspectos ligados ao lazer, à cultura, ao bem-estar, ao sentimento de pertencimento e ao alcance e visibilidade de bens culturais.
Sendo assim, estaríamos situando as Humanidades em novo patamar, com os Estudos Literários, não distantes e longínquos, mas vivenciados, inseridos e presentes na realidade de nosso estado, dando seqüência a constantes práticas e preocupações da pesquisadora com a questão da divulgação científica e dos resultados da pesquisa universitária para os cidadãos de nosso estado. Além disso, os resultados da pesquisa derivada do presente Projeto ofereceriam também subsídios e material de trabalho para o exercício da Lei 10.639/2003 que estabelece que “nos estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, torna-se obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileiras.”
A pesquisa
Pesquisa bibliográfica nas bibliotecas da Universidade, do Dartmouth College, na British Library (de que somos membros) e outras eventualmente. Pesquisa na INTERNET. Correspondência virtual com grupos de pesquisadores internacionais das áreas de African Studies e African American Studies já mapeados e conhecidos, assim como com outros que com certeza surgirão. Contato com lideranças e membros do Movimento Negro no Brasil. Acompanhamento de novas perspectivas teóricas de estudos sobre cultura e mediações culturais e análise correlata na Literatura. Leitura anotada de obras recentes relacionadas aos Estudos Culturais. Estabelecimento de cortes cronológicos e corpus de pesquisa. Pesquisa de campo. Pesquisa Qualitativa. Estudo exploratório visando ao esclarecimento de conceitos, ao estabelecimento de prioridades para futuras pesquisas, à identificação e comparação/contraste de pontos fundamentais e à transferência e aplicação de dados conclusivos à realidade do ensino-aprendizagem, ponto de partida para eventuais modificações nas Habilitações da Graduação do Instituto de Letras da UERJ e de novos campos no ensino de Graduação e Pós-Graduação, na pesquisa e nas Orientações de Pós-Graduação e na Extensão. A pesquisa em questão se dará sob o enfoque das teorias até aqui citadas.